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Google revela volume total de buscas no mundo e diz que Geração Z lidera pesquisas

As informações foram apresentadas a clientes nesta terça-feira, em São Paulo, durante o Think With Google, principal evento da empresa para a área de negócios

Google: em 2020, empresa estabeleceu uma meta de aumentar em 30% a presença de funcionários negros, latinos e indígenas em cargos de liderança (Greg Baker/AFP)

Google: em 2020, empresa estabeleceu uma meta de aumentar em 30% a presença de funcionários negros, latinos e indígenas em cargos de liderança (Greg Baker/AFP)

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Publicado em 25 de março de 2025 às 15h08.

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A cada segundo, o Google processa em média 158,5 mil buscas em todo o mundo. Por minuto, são cerca de 9,5 milhões de pesquisas. No ano passado, o volume chegou a 5 trilhões de consultas globalmente. Desse total, 15% das pesquisas são inéditas — ou seja, nunca tinham sido realizadas antes.

As informações foram apresentadas a clientes nesta terça-feira, em São Paulo, durante o Think With Google, principal evento da empresa para a área de negócios. É a primeira vez em quase uma década que o Google revela oficialmente o volume total de buscas realizadas em sua plataforma durante um ano. Em 2016, foram 2 trilhões de pesquisas, menos da metade do consolidado no ano passado.

Principal produto da big tech, a Busca é o grande motor do negócio do Google desde a fundação da empresa, há um quarto de século. No balanço mais recente, do último trimestre de 2024, o buscador representou pouco mais da metade da receita da Alphabet, controladora da companhia.

Adaptação do Google aos novos hábitos dos usuários

Nos últimos anos, o domínio do Google como principal buscador do mercado vem sendo questionado. Levantamentos de institutos como YPulse e Pew Research vêm apontando que jovens de 18 a 24 anos têm preferido usar redes sociais, como o TikTok, para descobrir produtos, lugares ou conteúdos — contornando mecanismos tradicionais de busca.

O Google não nega a concorrência. Durante o evento com clientes em São Paulo, no entanto, a empresa apresentou os dados internos e de pesquisas para rebater análises que sugerem uma perda de relevância da plataforma. E reforçou que a plataforma continuaria predominante inclusive entre os mais jovens.

— Tem muita gente que pensava, no passado, que a Busca não funcionaria com a Geração Z. [Mas] a Geração Z é a que faz mais buscas que qualquer outra faixa etária — afirmou Fabio Coelho, presidente do Google no Brasil, na abertura da conferência de negócios.

O executivo reforça que o uso da Busca tem se transformado com a incorporação de novos formatos, incluindo de comandos visuais e com inteligência artificial. Com a IA, a principal ferramenta é o Overviews, lançado no Brasil ano passado, que dá respostas geradas por IA no topo da página de resultados. Mensalmente, o recurso é exibido a 1 bilhão de usuários.

Busca com imagens e vídeos ganham mais relevância

Sem citar a concorrência do TikTok como buscador para Geração Z, a empresa destacou os recursos do Google para pesquisas com imagens e a relevância maior dos vídeos nos resultados. Uma das ferramentas com imagem da companhia é o Google Lens, que usa reconhecimento de imagem com inteligência artificial para identificar objetos, textos e lugares por meio da câmera do celular. Todos os meses, 20 bilhões de buscas são feitas com o recurso. No ano passado, o Google lançou também uma opção de “circular para pesquisar", citada pela empresa como um exemplo na forma como as buscas têm sido feitas.

As ferramentas miram a adaptação aos novos comportamentos dos usuários, segundo Gustavo Cruz, diretor geral de Produtos Publicitários e Soluções do Google.

— A gente já tinha a possibilidade da busca por imagem, e viu que muita gente subia print de tela para fazer as buscas. Quando a gente foi entender o que tinha nesse print, a gente viu que tinha muitos influenciadores digitais — afirma o executivo.

Cruz explica que a média de 15% das buscas realizadas diariamente no Google serem inéditas se mantém estável há mais de uma década, mas tem ganhado novas características. Segundo ele, essas pesquisas vêm se tornando cada vez mais específicas.

— Há dez anos, era comum ter buscas de uma palavra só como boa parte das pesquisas. Hoje, elas são feitas com mais contexto, por voz, com imagem, e sobre dúvidas muito particulares — acrescenta.

Futuro da Busca com inteligência artificial generativa

Uma das análises que mostra o risco de perda de apelo do Google para os mais jovens foi um estudo da consultoria YPulse do início do ano passado. A análise apontou que menos da metade dos jovens entre 18 e 24 anos começa uma pesquisa pela plataforma, enquanto 20% optam pelo TikTok e 5% pelo YouTube, do Google.

Cruz cita o projeto Astra com um vislumbre do que a companhia pretende trazer para a Busca. O sistema, em teste com usuários brasileiros e de outros países, combina inteligência artificial generativa com reconhecimento visual e compreensão contextual em tempo real. A proposta é transformar o celular em um assistente pessoal, que pode responder a dúvidas em tempo real enquanto o usuário filma, por exemplo.

Diante de um palco com clientes de diferentes setores, do varejo à indústria financeira, o Google também apresentou um diagnóstico sobre como o consumo mudou nos últimos anos, com base em um estudo feito pelo Boston Consulting Group (BCG). A principal tese é que a jornada do consumidor deixou de seguir um caminho linear — do reconhecimento à consideração e, depois, à compra — e passou a acontecer de forma simultânea e fragmentada, em múltiplos canais.

O Google resume esse novo comportamento em quatro verbos: streaming (assistir conteúdo), scrolling (navegar), searching (buscar) e shopping (comprar) — ações que se sobrepõem e ocorrem, muitas vezes, em uma mesma experiência digital.

Em um momento em que a disputa dos EUA para domínio da IA se acirra, o presidente do Google Brasil finalizou a apresentação no evento citando que a inteligência artificial extrapolou o campo da inovação tecnológica e passou a ocupar um lugar estratégico na geopolítica. Ele defendeu que é preciso ter “ousadia e responsabilidade”, e que o Brasil não pode se limitar a apenas consumir o que é feito fora.

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